Bardolino: o ótimo vinho das margens do Lago de Garda

O Bardolino é filho das colinas morenicas da margem oriental do Garda, formadas pelos glaciares que moldaram a bacia lacustre em épocas muito distantes, deixando uma evidente marca de si em uma série de relevos, voltados para o lago, dotados de solos extremamente variáveis, muitas vezes pedregosos. Aqui, há muito tempo, têm pátria eleitiva algumas variedades de uvas típicas do território veronês, em primeiríssimo lugar a Corvina veronese, ou a Rondinella ou a Molinara e outras ainda. A feliz combinação dos solos morenicos, das variedades de uvas e de um clima particularmente ameno, por sua vez caracterizado por boas oscilações de temperatura entre o dia e a noite, proporciona vinhos que, tanto na versão tradicional de vinho tinto, como na tipologia rosé do Chiaretto, se caracterizam por uma considerável agradabilidade e imediata agradável de bebida. Descubra conosco onde se produz o Bardolino e como combiná-lo na cozinha.

Bardolino, o território e seus vinhos

A área de produção abrange por inteiro o território dos municípios de Garda, Bardolino, Affi, Cavaion Veronese, Pastrengo, Lazise, Castelnuovo del Garda, e em parte aquele de Torri del Benaco, Costermano, Caprino Veronese, Rivoli Veronese, Bussolengo, Sona, Peschiera del Garda, Sommacampagna, Valeggio sul Mincio. O uso da especificação adicional Classico é reservada ao vinho produzido a partir das uvas colhidas e vinificadas dentro da zona de origem mais antiga.

Apesar da diferente abordagem produtiva, tendo como matriz idêntica as mesmas uvas (principalmente Corvina e Rondinella), o Bardolino e o Chiaretto possuem características comuns na fragrância frutada e na leve especiaria que os tornam devidamente apreciados por sua notável versatilidade na cozinha e por sua considerável agradabilidade na bebida.

O Bardolino é de uma cor vermelho rubi brilhante, com aromas delicadamente frutados e fragrantes, com notas de cereja, amarena, morango, framboesa, groselha, amora e elegantes toques de especiarias (canela, cravo, pimenta-do-reino). O paladar é seco, macio, caracterizado pelas mesmas sensações de fruta vermelha crocante e de pequenos frutos percebidas no olfato, picante, dotado de equilíbrio, frescor e considerável bebibilidade.

O Chiaretto é a versão rosé do Bardolino: a partir da colheita de 2014, os vinicultores da margem veneziana do Lago de Garda implementaram o que foi definido como uma “Revolução Rosé”, que levou à identificação de um novo estilo de Chiaretto, caracterizado por uma cor rosa muito suave e pela presença de aromas de citrinos e flores.
De fato, foram aplicadas ao Chiaretto as técnicas produtivas em uso em latitudes maiores em comparação àquela mediterrânea, chegando a extrair quase “blanc de noir”, ou seja, vinhos "quase brancos" obtidos a partir de uvas tintas, como são a Corvina Veronese e a Rondinella.
As macerações das cascas com o mosto foram muito breves e ocorreram a baixas temperaturas para obter cores muito claras, com tonalidades que lembram o lichia e desenvolver ao máximo os aromas caracterizados pela presença de flores, ervas aromáticas (e clorofila) e citrinos (laranja, kumquat, tangerina, mas também damasco e groselha), característica, esta última, que é típica em particular da Corvina Veronese cultivada nas margens do lago de Garda. Inalterada permanece, por outro lado, a típica frescura quase salina dos vinhos rosés da costa do Garda, com uma plenitude ao paladar que libera suculentas sensações de citrinos e de pequenos frutos vermelhos unidas por uma invejável frescura juvenil. O Chiaretto tem um caráter fortemente territorial, estreitamente ligado à costa e às colinas do Garda, tanto na versão tranquila como na espumante.

Bardolino e Chiaretto, a utilização na cozinha

Pelas suas características, o Chiaretto e o Bardolino, vinhos extremamente frutados, suavizados por uma leve especiaria e tornados suculentos por uma bela frescura, são extremamente ecléticos nas combinações gastronômicas.
São companheiros ideais tanto dos pratos tradicionais da área de origem, como da mais clássica cozinha italiana, quanto das modernas cozinhas fusion que unem ideias gastronômicas de diferentes extrações culturais, com fortes influências exóticas.

O Chiaretto é perfeito como aperitivo ou pré-jantar: à mesa, acompanha idealmente os antepastos (carnes curadas, antepastos de peixe ou de vegetais) combinando-se perfeitamente com os primeiros pratos de massa (com molhos de carne, de peixe ou de vegetais) e com os raviolis. Fica maravilhoso com a típica cozinha de verão italiana: por exemplo, a salada caprese (mozzarella, tomate e manjericão), presunto e melão, salada de arroz, carpaccio de carne. É excelente com o peixe, tanto de mar quanto de lago, seja cozido (grelhado, assado, ao sal, fervido) ou cru (carpaccio de peixe). Vale a pena experimentar com a paella, ou com o sauté de vongole, ou ainda com os crustáceos (camarões grelhados). Adapta-se muito bem à cozinha oriental, mesmo apimentada, e é o companheiro ideal para o sushi. Uma combinação curiosa é aquela com pratos à base de trufas negras de verão (scorzone).

O Bardolino combina perfeitamente com a clássica cozinha italiana, é ótimo com os primeiros pratos à base de massas de todos os tipos (com molhos de carne, de peixe, de vegetais, de cogumelos), com risotos, com raviolis, a lasanha. Outra combinação interessante é com as sopas de legumes, e em particular com a massa e feijão à Veneto.
Vai bem com aves grelhadas, carnes assadas, carnes guisadas. Na área de origem, é companheiro do tradicional cozido misto. Muito interessante é a combinação com pratos à base de castanhas ou à base de cogumelos.
À beira do lago de Garda, o Bardolino sempre foi bebido com peixe de lago: é excelente, por exemplo, com risoto de tinca ou com enguia grelhada. Tradicionalmente também acompanha um prato típico veneto à base de peixe: polenta e bacalhau (badalhau). Servido fresco, combina muito bem também com peixe de mar, principalmente de grande porte, mas também com lulas ensopadas. Quem quiser se arriscar, experimente com a cozinha exótica, oriental ou magrebina.

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Francesco Scuderi